sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Fim da União Soviética: Causas e repercussões


Com o término da Segunda Guerra Mundial a Europa perde a hegemonia como potência do mundo, especificamente a Inglaterra e a França. O mundo pós-guerra ficou dividido em dois blocos: o capitalista liderado pelos EUA e socialista representado pela União Soviética. Ambos buscaram estender seus dominios sobre o resto do globo confrontando-se, mesmo de maneira indireta, numa guerra idológica, sem armas durante um longo período que ficou conhecido como Guerra Fria.
Na política mundial, a URSS mostrava seu poder militar e a capacidade de influência ideológica, opondo-se aos EUA. Nesse contexto, assiste-se à Guerra da Coréia, à Crise dos Mísseis em Cuba, à construção do muro de Berlim e ao recrudescimento do conflito do Vietnã. A indústria bélica soviética, impulsionada pela corrida com os EUA, crescia a passos largos, desenvolvendo armas, bombas atômicas e de hidrogênio cada vez mais poderosas e sofisticadas.
A imposição do sistema socialista que estava em vigor no bloco de países socialistas liderados pela União Soviética na Europa acarretou o surgimento de inúmeros movimentos, decorrentes da insatisfação da população ameaçando a propsperidade política e econômica. Porém, todas as formas de manifestações contra o governo e seu regime político era repremido pelo uso da força, ordenados pelos líderes dos governos dos países em que os fatos ocorriam, inclusive a União Soviética.
A repressão popular por parte do governo soviético gera um grande investimento financeiro para a URSS. Após a queda de Kruschev em 1964 e a ascensão de Brejnev, os problemas econômicos começaram a se agravar. A burocracia chegava ao seu auge. Os dissidentes eram reprimidos e a população começava a descrer dos caminhos tomados pelo socialismo.
A estagnação econômica a partir de meados da década de 1970, aliada à corrida armamentista, coloca em evidência as deficiências e distorções estruturais da sociedade soviética e a necessidade de reformas urgentes. A URSS enfrenta dificuldades crescentes para manter sua hegemonia na Europa Oriental, recua na Ásia, África e América Latina e naufraga no Afeganistão.
Com a morte de Brejnev, a URSS passara por dois curtos períodos de governo sob o comando de Andropov e Tchemenko. Em 1985, Gorbachev um homem preparado que havia feito carreira dentro das universidades soviéticas, participou do governo, como Ministro da Agricultura, e conhecia de perto os problemas que a URSS vinha enfrentando. Era o mais jovem líder soviético desde a época da Revolução, e pertencia a uma linha reformista do Partido Comunista, que propunha implementar um programa de mudanças econômicas chamadas de Perestroika e Glasnost.
A proposta conhecida como Perestroika, pregava maior liberdade no funcionamento das empresas, maior liberdade para as iniciativas privadas e a possibilidade limitada de investimentos externos. Consiste num projeto ambicioso de introdução de mecanismos de mercado, renovação do direito à propriedade privada de diferentes setores e retomada do crescimento. A perestroika visa reduzir os monopólios estatais, descentralizar as decisões empresariais e criar setores comerciais, industriais e de serviços nas mãos de proprietários privados nacionais ou estrangeiros.
No entanto, o Estado continua como principal proprietário, mas é permitida a propriedade privada em setores secundários de produção de bens de consumo e comércio varejista. Na agricultura é permitido o arrendamento de terras estatais e cooperativas por grupos familiares e indivíduos. A retomada do crescimento é projetada por meio de conversão de industrias militares em civis, voltadas para a produção de bens de consumo, e de investimentos estrangeiros.
A proposta apesar de aplaudida pelos líderes do partido não obteve o sucesso esperando. Mas Gorbachev busca uma segunda alternativa e lança a proposta Glasnost que propunha maior liberdade de expressão, maior possibilidade para que as pessoas manifestassem suas insatisfações, o que favoreceria a busca de soluções para os problemas. Tal proposta, abrange o fim da perseguição aos dissidentes políticos, marcada simbolicamente pelo retorno do exílio do físico Abdrei Sakharov, em 1986, e inclui campanhas contra a corrupção e a ineficiência administrativa, realizadas com a intervenção dos meios de comunicação e a crescente participação da população.
Ao mesmo tempo em que a glasnost permitiu maiores críticas ao sistema com a participação popular, em contra partida diversas contestações que se arrastavam pelos anos de fechamento político começaram a vir à tona. Enquanto Gorbachev afirmava que as reformas eram a continuações lógicas do movimento de 1917, as medidas apontavam para uma economia de mercado em moldes tipicamente capitalistas. A população soviética demonstrava sua insatisfação com o desequilíbrio entre a produção interna e a demanda, com o brutal aumento de preços devido ao fim dos subsídios.
A aproximação, na política externa, com as potências ocidentais praticamente determinava o fim da Guerra Fria, trazendo desdobramentos inimagináveis, como a queda do Muro de Berlim e a derrubada dos ditadores na Europa Oriental. Romênia, Tchecoslováquia, Hungria, Polônia, Bulgária passaram por profundas mudanças. As duas Alemanhas unificaram-se. Dentro da URSS as nacionalidades começaram a manifestar-se, objetivando a separação e a autonomia. As primeiras repúblicas a conseguirem tal intento foram as da região báltica (Letônia, Lituânia e Estônia), que haviam sido anexadas à URSS em 1940.
Diante do fracasso das reformas que encaminhadas por Gorbachev, e eventualmente aprovadas pelo Congresso, cresce a insatisfação popular. Na véspera da votação de um nova lei sobre a estrutura da federação, membros conservadores do Partido Comunista promovem um golpe contra Mikhail Gorbachev. Ele foi preso em uma casa de campo na Criméia, enquanto os golpistas promulgavam na televisão um retorno aos antigos princípios da URSS. Os golpistas conclamam o povo e as Forças Armadas a apoiá-los. Entretanto não há reação, nem do povo, nem do Exército. Isso dá oportunidade a que os grupos que haviam conseguido destaque durante os tempos de glasnost promovessem um contragolpe. Liderados por Boris Yeltsin e com o apoio dos presidentes de outras repúblicas, os contragolpistas libertaram Gorbachev e prenderam os líderes reacionários do PC. Gorbachev tentou retomar a liderança da URSS, mas era tarde demais. O golpe conservador havia esfacelado a força moral e proibidido a atuação do Partido Comunista.
Vale ressaltar, que todas as transformações ocorridas no processo de desmembramento político geraram uma modificação nas relações diplomáticas entre os líderes das nações que integravam o bloco socialista e o governo da União Soviética. Os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia decidem pelo fim na URSS e do mundo bipolar.
Em 8 de dezembro de 1991, formalmente, a URSS deixava de existir. Nesta data, os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia proclamaram a formação da CEI (Comunidade dos Estados Independentes), atitude que foi acompanhada por mais 8 repúblicas, ainda em dezembro de 1991. Compreendendo que não possuía mais condições de levar adiante suas reformas moderadas, Gorbachev renunciou no natal de 1991.
Ao renunciar a presidencia Gorbachev não obteve apoio popular, pois grande parte da população diante do fracasso das reformas implantadas pelo então presidente. O discurso de Gorbachev foi coberto pela imprensa de vários países, inclusive pelo Jornal Nacional da emissora Rede Globo. A renuncia de Gorbachev resultou no fim do socialismo e da URSS. Tais fatos surpreenderam grande parte do mundo, inclusive dos próprios integrantes do partido conservador soviético que no fundo mantinham esperança de reerguer o socialismo e garantir a permanência da URSS.
Com o fim da URSS, em 1991, os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia tentaram criar uma nova organização que, respeitando a independência política de cada uma, mantivesse o funcionamento da economia dos países. Assim surgiu a CEI, Comunidade dos Estados Independentes, que enveredava pelo sistema econômico capitalista. Essa organização recebeu a adesão relativamente rápida das outras repúblicas, compondo 12 países no final de 1993.
No entanto, não foi isso que ocorreu, a instabilidade política imperou nos primeiros momentos, especialmente com o golpe levado a cabo por Boris Yeltsin contra o Parlamento da Rússia, controlado por antigos membros do PC soviético, e com o domínio das políticas locais pelos antigos caciques dos PCs das repúblicas. A corrupção, já endêmica na antiga URSS, alastrou-se por vários setores da sociedade. Aumenta a violência, com o surgimento de grupos mafiosos e o aumento do tráfico de drogas.
A Federação Russa sofre com problemas políticos e econômicos dos mais graves, é uma colcha de retalhos de reivindicações das minorias étnicas que a compõem e ameaçam fazê-la implodir da mesma forma que a ex-URSS. O novo Tratado da Federação Russa, assinado por Boris Yeltsin, em março de 1992, com 18 das 20 repúblicas autônomas que a integram não encontra uma solução para seus problemas mais sérios: a reivindicação de soberania da Tartária, proclamada em 21/3/1992; o separatismo da Chechenia-Inguchétia, convertida em duas unidades independentes por um decreto do Soviete Supremo de junho de 1992; o desejo da comunidade russo-alemã de restaurar a antiga República Autônoma do Volgf, eliminada por Stalin em 1941; e a proposta de que a lakutia e a Buriatia, o distrito da Niénetz e as repúblicas de Komi e Tuva, territórios autônomos da Sibéria, fundem-se nos Estados Unidos do Norte da Ásia.
A desagregação da União Soviética e o fracasso das experiências socialistas no Leste Europeu, assim como as reformas de mercado na China, disseminam a idéia de que a doutrina socialista está morta. A solução para alcançar a justiça econômica e social passa a ser a social-democracia, que desde a década de 50 administra o sistema capitalista em bem-sucedidas sociedades européias, ou o próprio liberalismo ou neoliberalismo, que pretende deixar o capitalismo funcionar sem qualquer amarra. Entretanto, a social-democracia e o neoliberalismo também entram em crise no início da década de 90, por sua incapacidade em dar solução aos problemas sociais postos pelos novos parâmetros da revolução tecnológica.
Concluindo a Comunidade de Estados Independentes, formada pelas repúblicas da antiga União Soviética, tende cada vez mais a dar ênfase à independência dos Estados-membros e desprezar o aspecto de comunidade. Apesar de manterem laços econômicos muito estreitos, como herança da antiga União, e de formalmente constituírem forças armadas unificadas, cada república procura estruturar suas próprias forças armadas e libertar-se das antigas dependências econômicas, criando relações separadas tanto com a Europa e os Estados Unidos quanto com a Ásia. As tensões étnicas permanecem, assim como os problemas políticos. A Rússia, após o confronto entre o Parlamento e o presidente Yeltsin, em 1993, mantém seu plano de reconversão econômica, com altas taxas de desemprego mas inflação em baixa, e procura reconquistar a hegemonia sobre as demais repúblicas.

Por: Lucival Santos

Referências:

Balanço do neoliberalismo - Perry Anderson disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/index.htm Acesso em junho de 2010.
Fim da URSS disponível em
http://www.mundovestibular.com.br/articles/6151/1/Fim-da-URSS/Paacutegina1.html Acesso em junho de 2010.
Fim da URSS disponível em
http://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/urss_crise_russa.aspx
Acesso em junho de 2010.
Fim da URSS disponível em
http://www.coladaweb.com/historia/fim-da-uniao-sovietica-e-a-cei
Acesso em junho de 2010.
Fim da URSS disponível em
http://www.algosobre.com.br/historia/fim-da-urss-o.html
Acesso em junho de 2010.
Fim da URSS disponível em
http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/o-fim-uniao-sovietica.htm
Acesso em junho de 2010.
O Colapso do modelo
http://www.portalimpacto.com.br/docs/01PantojaVestF3Aula28.pdf
Acesso em junho de 2010
Rede Globo - Plantão sobre o fim da União Soviética Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=1XY7qWbdXe0
Acesso em junho de 2010.
O fim da URSS - plantão Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=32HFDb1cjDU
Acesso em junho de 2010.
JORNAL NACIONAL - QUEDA DO MURO DE BERLIN Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=hNh_4SoTYhs&feature=related
Acesso em junho de 2010.

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