sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Transição do mundo medieval para mundo moderno

Entre os séculos XIII e XV muitos fatores provocaram várias e significativas mudanças econômicas, políticas,sociais e culturais no mundo inteiro, principalmente na Europa com o fim da Idade Média, o qual dá início a um novo período histórico, a Era Moderna, onde a civilização européia faz o mundo a sua imagem e semelhança.
De acordo com muitos historiadores medievalistas o século XIII caracteriza de modo geral na Europa uma expansão das áreas de cultivo e aperfeiçoamento das ferramentas de trabalho e técnicas agrícolas. Há também um aumento na produção de alimentos, o que possibilitou um crescimento populacional, econômico e urbano, no qual as cidades despontaram como os principais centros de comércio e atividade artesanal, elevando o número de representantes da burguesia, nova categoria social que surgiu nos séc.X e XI, os mesmos viviam nas cidades nas cidades independentes dos laços feudais.
Mas é a partir do séc. XIV que se intensificam as mudanças na Europa. Começando pelo crescimento demográfico, estendendo-se a tecnologia na área agrícola com o aparecimento do arado, a charrua, o peitoral, o moinho d água etc.possibilitando uma grande melhoria na produtividade.
Com o aumento da produção ampliaram-se também as oportunidades de comercialização dos gêneros, estimulando a atividade mercantil nas vilas e cidades da Europa Ocidental, que prosperaram ganhando importância. Outro fator que propagou essa expansão comercial foram as Cruzadas, que, contudo envolviam interesses comercias como ampliar as relações com o oriente, apesar de serem expedições de caráter religioso.
As Cruzadas contribuíram para o aumento do volume de moedas em circulação, e novos hábitos de consumo se desenvolveram entre os europeus. De tal modo a vida urbana voltou ater importância na Europa Ocidental e muitas cidades foram interligadas por rotas de comércio terrestre e marítima, que atravessaram os mares Mediterrâneo, Negro e do Norte.
A interligação das rotas européias com as rotas de caravanas vindas da Ásia Central, da China e da Índia deu origem à formação de uma complexa rede de cidades e rotas envolvidas na atividade comercial européia do séc.XIV.
O processo de intensificação do comércio favoreceu o crescimento das antigas cidades romanas da região do mediterrâneo, sobretudo no centro e norte da Europa Ocidental, com a formação de novos núcleos urbanos.
Nessas cidades surgem novas formas de organização social, onde integrantes de um ramo de atividade, se organizam em associações profissionais, com o objetivo de garantir o abastecimento das cidades, coordenando a produção e inspecionando a qualidade e o preço dos produtos.
Assim como nos feudos os senhores comandavam os servos, na cidade os burgueses controlavam as companhias responsáveis pelo comércio regional e internacional bem como o trabalho de funcionários da produção artesanal, além de financiar novos negócios, fazer empréstimos, trocar moedas de diferentes regiões, etc.
Embora existisse resistência por parte dos pequenos artesões, os burgueses exerceram o controle sobre as grandes cidades da Europa Ocidental, presidindo os conselhos urbanos e em algumas cidades italianas e alemãs a controlar diretamente o poder político. Financiando as Cruzadas e apoiando os papas em suas lutas políticas, os burgueses aumentaram suas relações com a Igreja, e esta por sua vez protejia-os dos ataques de governantes e práticas tolerantes em relação ao lucro.
Além de patrocinarem todas essas inovações sociais, políticas e culturais, os burgueses estabeleceram uma nova mentalidade econômica. Eles não viam o trabalho como uma punição divina, mas como uma atividade importante e útil para a sociedade européia do séc.XV. E tal pensamento direta ou indiretamente espalhou-se pelos outros grupos sociais.
A partir das novas formas de organização social, a visão da sociedade dividida em três ordens imutáveis passava a ser questionada, assim como o prestigio social deixava de ser decorrente exclusivamente da posse de terra. A acumulação de dinheiro(capital), começava a ser vista como uma forma de ascenção social(semente do Capitalismo).
Estava surgindo um novo conjunto de valores, crenças e tradições denominadas pelos historiadores de Mentalidade Moderna.
No campo, considerando a servidão muito custosa e pouco produtiva, os senhores procuraram romper com os contratos de serviço obrigatório e organizaram um sistema misto com assalariados e arrecandatarios livres, que segunda sua visão produziam mais.
Porém, mesmo com as alterações no sistema de produção muitas vezes a quantidade de alimentos não era suficiente para a população, gerando aumento dos preços e fome.
A deficiência da alimentação e a falta de higiene nos centros urbanos favoreceram o aparecimento de doenças e epidemias como a Peste Negra, por exemplo. Bem como uma série de guerras entre as regiões européias, nos séc.XIV e XV, sendo a principal a Guerra dos Cem Anos, entre ingleses e franceses.
Aos poucos o antigo modo de vida foi sendo substituído por outro, após o fim da Idade Média, caracterizado pela produção de excedentes, pela comercialização em larga escala, trabalho assalariado, nova ordem política, por uma nova mentalidade e acumulo de dinheiro.
Vale ressaltar, que muitas características da Idade Média continuavam existindo no período Moderno, como por exemplo, a maioria dos europeus continuava morando no campo. Por outro lado, brotavam as sementes de uma nova era.
Dentre elas, destacam-se o equilíbrio entre as duas classes, já que a burguesia enriquecia cada vez mais, as novidades tecnológicas ganharam destaque com as armas de fogo(canhões), a invenção da imprensa, as caravelas, a metalúrgica, asiderurgia, etc.
Com o aumento do poder dos reis, nasce o Estado Nacional e uma nova forma de governo a Monarquia Absolutista, que por sua vez, controlava a economia impondo uma porção de regras, as quais foram chamadas de Mercantilismo.
Todas essas mudanças na vida e mentalidade dos europeus dão origem ao Renascimento, momento histórico de grande importância para o mundo moderno, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento espetacular das artes, da Filosofia e das Ciências.
No âmbito religioso, com o fim do teocentrismo e o surgimento do antropocentrismo, a própria Igreja Católica foi contestada, a corrupção generalizada do clero e sua incapacidade de responder às expectativas dos fiéis abalaram profundamente a credibilidade do catolicismo. Os padres eram ridicularizados e sua autoridade passou a ser questionada. Fato que caracteriza a Reforma Protestante e a Contra Reforma, briga entre católicos e cristões.
Em suma, embora no final do séc.XV, a Idade Média tenha terminado o Feudalismo continuou existindo durante toda a Era Moderna. Contudo, nasceu em seu interior o capitalismo, enquanto a burguesia acumulava o dinheiro/capital através dos lucros obtidos pela troca e venda de mercadorias, nas rotas comerciais marítimas, o que levou a Europa a seu apogeu tornando-se época moderna e permanecendo atualmente o continente mais bem sucedido economicamente.

Autoria: Lucival Santos

REFERÊNCIAS:

OCTRIM, Gilberto. Saber e Fazer História: Historia Geral e do Brasil.


JUNIOR, Alfredo Boulos. História, sociedade e cidadania.

SCHIMIDT, Mario Furley. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração.

TOLEDO, Eliete DREGUER, Ricardo. Cotidiano e Mentalidades: Contato entre civilizações do séc. V ao XVI.

REVISTA HISTÓRIA VIVA. Grandes Temas: Os Protestantes.Edição especial nº 20- Brasil.

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